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domingo, 13 de julho de 2008

A cidade e os Olhos

O homem desce do ônibus e ao por os pés no calçamento da cidade sente que está em outro mundo, totalmente diferente daquele em que sempre vivera. Permanece preso ao solo por longas horas, observando. Sente desejo de penetrar naquele novo mundo e segue a passos lentos. Fica maravilhado com o luxo dos prédios gigantescos que contornam toda cidade circular de modo que estando em qualquer um dos apartamentos pode-se ver tudo que há no restante da cidade. Em Íris, os edifícios são totalmente transparentes, neles funcionavam escolas, hospitais, e o comércio em geral. No centro da cidade ficam as residências, feitas de pedra e concreto com portas de madeira resistente formando um outro círculo dentro do qual fica localizada uma praça florida com um lindo lago de águas cristalinas onde um casal de cisnes provoca inveja as pessoas que passam apressadamente.

O homem senta no banco da praça e fica observando o movimento. Duas moças passam por ele e o olham com constrangimento como se adivinhassem seus pensamentos mais obscuros. Um casal de idosos o olha com desprezo e pavor. As pessoas passam em silêncio, se cumprimentam apenas com olhares, umas se aproximam das outras como se seus olhos exercessem uma forte atração. Aos poucos o homem tem a sensação de que seus pensamentos estão sendo invadidos. Olha em volta e vê que toda cidade o observa através das vidraças dos prédios. No último andar de um deles, policiais vigiam a cidade. Agora ele entende porque a cidade recebera aquele nome. Está apavorado com aquela invasão, mas não consegue escapar, estava cercado.

O sol desaparece e junto com ele as pessoas que trafegavam pelas ruas, o movimento nos prédios. Só o homem permanece na praça observando as luzes das casas acenderem e algum tempo depois apagarem uma a uma. Finalmente Íris adormece incomodada com o homem que tenta desesperadamente sair do seu interior.

Telma Pereira da Silva

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